No dia 24 de fevereiro de 2020, em São Paulo, foi identificado o primeiro caso de COVID-19 no Brasil. Contudo, as primeiras medidas de quarentena só foram realizadas um mês após o ocorrido e tem se mantido desde então. Os 9 meses seguintes a essa intervenção inicial foram caracterizados pela tomada de medidas de distanciamento físico, no qual pessoas sem sintomas mantêm distância umas das outras, e de isolamento social, na qual se define como um conjunto de medidas que visam o afastamento de um indivíduo do convívio com a sociedade.
Apesar de serem medidas necessárias, dado que recentes estudos demonstram uma redução mínima de 44% no número de pessoas com COVID-19, essas mudanças radicais no estilo de vida possuem consequências a longo prazo na saúde da população mundial. Como exemplo dessas consequências, têm-se o crescimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) como a obesidade, a qual se entende como um acúmulo excessivo de gordura corporal no indivíduo, além de outras enfermidades como a doença arterial coronariana, o infarto agudo do miocárdio, a hipertensão arterial, o câncer de cólon, o câncer de mama, o diabetes do tipo II e a osteoporose. Muitas dessas DCTNs podem decorrer do aumento da inatividade física durante o período pandêmico, como mostrado na tabela abaixo:Segundo o pesquisador Dr. Wim Saris, existe uma relação inversa entre a frequência de atividades e o aumento da quantidade de gordura no corpo ao longo da vida. Assim, essa diminuição nas atividades físicas acompanhada pelo aumento de práticas sedentárias, como assistir televisão ou trabalhar no computador, levam as pessoas adquirirem esses quadros clínicos.
Nesse cenário, as expectativas futuras para sociedade, além dos problemas no metabolismo dos indivíduos, poderão ser marcadas pelo conformismo na inatividade e aumento de problemas psicológicos, como ansiedade, estresse e depressão, a sintomatologia comum consequente em indivíduos obesos. Dessa forma, esse período que é caracterizado pela perda de motivação causará mudanças radicais no estilo de vida da população mundial, alternando a economia, a saúde e as relações socioeconômicos de todos os países, mesmo que a quarentena se extinga, seus efeitos persistirão por muitos mais anos.
Escrito por: Odnan Guimarães Lima
Referências bibliográficas:
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